quarta-feira, janeiro 30, 2008

História sem nome parte 2



Mudança de planos



Era bem tarde da noite quando resolvi ligar para Laura para dar as más notícias, não minha mão não deixara eu ir para Londres com Laura. Até parece que iria deixar nunca deixara antes eu fazer nada do gênero. No terceiro toque Laura atendeu o telefone.

- Alô – disse ela.
- Oi Laura, sou eu. – respondi tristonhamente.
- Ah Joy! – ela fez uma breve pausa – Pela sua voz sua mãe...
- Um fracasso total como eu previ! – interrompi – Ela nunca me deixa fazer nada, NADA! Ir para a Inglaterra com você então... ela mesma nunca saiu do país quer que eu faça o mesmo!
- Você desejou que ela deixasse você ir? – perguntou Laura enigmaticamente.
- Como assim? Claro que desejei! – disse com veemência
- Joy, querer não é mesmo que desejar...
- Não adiantaria de nada! – respondi com raiva e meus olhos enchiam-se de lágrimas.
- Escute tente amanhã pela manhã novamente. –disse ela mansamente
- Como é que é? Laura, você já conhece a minha mãe suficientemente bem para saber que ela não...
- Você não confia em mim? – interrompeu Laura com um leve traço de raiva na voz.
- Mas é claro que sim! – respondi de prontidão.
- Nesse caso, não custa tentar! Peça pra ela novamente pela manhã e me ligue logo em seguida! – Falou Laura com convicção.
- Certo, mas não me diga que eu não avisei...
- Não diga você que Eu não avisei – ela deixou escapar uma gargalhada.
- Ha ha ha certo... até amanhã então – disse eu com um pesar de sono.
- Até! E não se esqueça de me ligar!

Na manhã seguinte acordei bem mais cedo do que de costume para um fim de semana, e não consegui voltar a dormir. Fui para a sala com um livro e comecei a ler até que meus pais acordaram e ambos se levantaram. Eu me encontrava deitada num sofá de dois lugares à parede que dava de frente à porta de entrada com o livro nas mãos devorando cada página com rapidez.
Minha mãe se largara à minha frente numa das poltroninhas amarelas que comprara recentemente, ainda com o plástico envolto por causa dos gatos e meu pai se dirigira para a cozinha como sempre assaltar a geladeira pela manhã. Nenhum dos dois era muito magro se é que me entendem, dessa forma a impressão que dava era que minha mãe ia ficar presa na poltroninha a qualquer momento mas tal coisa nunca aconteceu para sua felicidade. A casa não era grande e dava para saber tudo o que meu pai comia na cozinha pela ausência de porta desta, fora retirada a anos e nem me lembro mais do motivo.

Minha mãe tinha acabado de ligar a TV fazendo assim impossível para mim continuar a ler, na verdade já estava até acostumada com isso, nenhum dos dois eram chegados em leitura o que me fazia totalmente incompreendida já que pouco se lixavam se eu queria ler ou me concentrar em alguma coisa. Fechei o livro e fiquei olhando minha mãe por um tempo e disfarçava olhando para a TV algumas vezes. Então tomei coragem e perguntei novamente.

- Mãe... – comecei

De primeira ela me ignorou. Era o efeito da bendita TV. Quando ela ligava aquela porcaria não se importava com o que a gente dizia, a gente mais restritamente eu, sempre me ignorava, isso quando não me mandava calar a boca para não perder a novela.

- Mãe! – chamei mais alto.
- Quê? – respondeu ela um pouco contrariada.
- Posso passar as férias na casa da Laura na Inglaterra? – perguntei prendendo a respiração logo em seguida.

Era bem óbvio que eu esperava uma explosão àquela altura. Provavelmente ela ia gritar pela casa que eu não tinha a menor consideração por ela, que já tinha me dito que não, que eu sou isso e aquilo e não faço alguma coisa assim ou assado. Nem sempre as reclamações de minha mãe fazem sentido para as pessoas, mas ela reclama mesmo assim e jura que as pessoas entendem. Ainda acho que ela mistura coisas demais na cabeça e depois não sabe bota-los em ordem para mostrar sua frustração com relação a alguma coisa, e isso sempre dificultou a nossa relação desde o princípio.

Porém, estranhamente ela parou e ficou me olhando por um tempo. Inicialmente ela tentou fazer uma cara feia e indignada, foi quando pensei que começaria a vomitar a mistura de fatos bizarros que vinha à sua mente, mas muito pelo contrário, ela parou e fez uma cara mais tranqüila ao me responder.

- Pode – disse ela de súpeto.

Arregalei os olhos naquele momento, não acreditei que ela acabara de me deixar passar as férias com Laura sem fazer milhões de escândalos e me chamar de ingrata por algo que eu nem fazia idéia de que tivesse feito.

- Posso? –perguntei surpresa.
- Não é o que você que você quer? – respondeu ela malcriadamente.
- É... –respondi meio desconsertada.
- Então vá logo antes que eu me arrependa...

Naquele momento peguei meu livro e voei para o meu quarto como um foguete, tranquei a porta e comecei a pular feito louca de tanta alegria. Imagina só que minha mãe em sã consciência me deixaria fazer uma vontade dessas? Daí então parei e me lembrei que tinha de ligar para Laura. Quando ia abrir a porta meu pai já estava gritando meu nome na sala.

- JOYCE! Ô JOYCE! – gritava ele.

Abri a porta do quarto e fui até a sala. Ele estava com o telefone na mão me esperando, assim que me viu saindo pela porta completou:

- É pra você. – e me passou o telefone logo em seguida.
- Alô – disse eu.
- E aí já pediu de novo?

Era Laura ao telefone. Até parecia que tinha adivinhado que eu acabara de falar com a minha mãe a respeito da viagem.

- Sim e ela deixou! – disse eu extremamente excitada.
- Sabia que ela iria deixar! – disse Laura.
- Sabia? – perguntei desconfiada- Escuta, tu andou falando com ela heim?
- Nem... – começou Laura – Nos falamos ontem de noite e fui direto dormir ou você se lembra de alguém ter te ligado de noite?
- Não, o telefone não tocou mais depois que nos falamos... – parei por um instante tudo parecia tão irreal, minha mãe acabara de me deixar ir para a Inglaterra! – deve ter sido pura sorte... – completei.
- E que sorte! – disse Laura – Agora a gente continua se falando e já vai vendo o que você vai levar! Vou contar a novidade aos meus pais!
- OK – disse sorrindo – até mais tarde então!

Ao desligar o telefone me enchi de expectativas. Iria conhecer o país que eu mais gostava pela primeira vez! Só rezava agora para minha mãe não mudar de idéia com a mesma velocidade que tivera mudado da última vez.
That's all folks ! \o/

Um comentário:

Johny Farias disse...

Minha história é meramente parecida
quando num verão tentei ir pra Londres, não fui pela papelada e
também porque mudei de emprego na altura. "mais a mochila ainda tá feita..."

Beijo's