terça-feira, janeiro 22, 2008

História sem nome parte 1


Lembranças de aniversário!

Era dia do meu aniversário e como sempre chovia um tremendo dilúvio como todos os anos, isso é porque eu nasci no outono, e todos sabem que nesses meses de março e abril chove muito aqui em Santos, mas isso nunca impediu meus amigos de me visitarem neste dia e comparecer às minhas “reuniões”, ou de sairmos para um restaurante, pizzaria, qualquer coisa do gênero. Estavam as pessoas de sempre, aqueles que sempre foram meus amigos e os quais eu sempre dei muito valor a amizade, porém faltava uma, a pessoa que me ensinou a acreditar em mim mesma.

- E aí Joy, sabe alguma coisa da Laura? – perguntou minha amiga Anna.

- Não, ela não dá notícias há bastante tempo sabe. Deve estar ocupada. – respondi com uma certa convicção falsa.

- Eu me lembro muito bem o quanto ela te meteu naquelas encrencas todas... – disse Anna fazendo uma cara séria.

- É! – de repente falou Pedro com uma cara séria. – Mas foi tão legal! – disse então sorrindo com empolgação. – Conta de novo aí Joy, eu quero ver se absorvo mais detalhes disso!

- Você só quer ouvir porque acha que foi um sonho Pedro. – respondi.

- É! Mas um sonho muito legal! – disse ele então juntando os punhos fechados como se estivesse rezando com as mãos coladas, contraídas.

- OK, vamos ver se eu lembro de tudo então direitinho....

“Era o primeiro dia do segundo ano do Ensino Médio e eu estava reencontrando alguns amigos que eu via apenas durante o ano letivo, um pouco diferente das outras pessoas eu gostava e sempre comparecia aos primeiros e aos últimos dias do ano na escola porque nunca tinha nada pra fazer e a gente então podia conversar a vontade sem falar que até valia ter um papo descontraído com os professores antigos e até mesmo com os novos. Foi nesse dia que eu conheci uma menina nova, ela era de outra cidade, se chamava Laura. Laura era mais ou menos da minha altura, tinha olhos verde escuros e cabelos pretos e lisos, como todo aluno novo ela se encontrava um tanto isolada do resto da classe em um canto no fundo sem falar com ninguém. Esperei até o recreio começar para puxar assunto com ela e saber de onde era.

Estudávamos em um colégio um tanto antigo, tinha cerca de 80 anos de tradição na cidade e era digirido por freiras, o que não significava que as regras eram das mais rigorosas, até fora tempos atrás mas assim como os tempos, as pessoas e assim respectivamente o colégio muraram, de acordo com a posição da sociedade. Eu me lembro que quando comecei a estudar lá aos meus 9 anos eu achei tudo bastante diferente pois éramos obrigados a vir com o uniforme completo, assim como a cor do tênis que usávamos era padronizado. Uniforme completo com tênis azul marinho e meias brancas, se alguém fugisse desse critério, pode apostar que um dos inspetores faria seu papel e daria o aviso, caso fosse reincidente teria então uma advertência ou nos casos mais graves ligariam para os pais vir buscá-lo no colégio. Mas isso não afetava nenhum dos alunos na época, porém foi mudando com o tempo claro que advertências não eram mais distribuídas àqueles que viessem com um tênis cor de rosa ou uma meia preta e paramos de nos levantar para os professores que entravam na sala de aula no nosso primeiro ano do Ensino médio. Isso aconteceu porque a nossa professora de inglês que era nova lá também não sabia que fazíamos isso e se assustou bastante quando viu todos os trinta alunos se levantarem e calarem a boca no instante que ela entrou.

Bem, após então as três primeiras aulas do dia, veio o intervalo para o recreio e então resolvi me aproximar da menina que se isolava no canto da sala enquanto todos estavam saindo da sala para o pátio.

-Oi! – disse eu olhando para Laura.

- Oi! – respondeu ela de volta estampando um belo sorriso no rosto. – Meu nome é Laura e eu sou nova aqui.

- É eu reparei. – falei sorrindo – Eu sou Joyce. De que colégio você veio Laura?

Ela então sorriu pra mim com uma cara um tanto sem graça como se estivesse a dizer uma coisa envergonhante ou estranha.

- Na verdade eu vim de outro país, acabei de chegar de Maidenhead...

- Inglaterra! – interrompi.

- Isso! Conhece? – disse ela mais animada.

- Ah... só pelo mapa! – começamos ambas rir neste momento.

Passamos o recreio do primeiro dia de aula ali na classe, Laura me contou que não era inglesa, mas se mudara para a Inglaterra quando criança acompanhando os pais, e por isso não tinha sotaque já que nunca perdeu contato com a Língua Portuguesa, mas que sabia bem inglês por esse motivo. Ela me contou também que foi para lá porque o pai fora transferido na época, que ele trabalhava com coisas do espaço aério, mas não me disse exatamente o que essas coisas eram. No fim do dia conversamos mais um pouco antes de voltar para casa no pátio do colégio.

- Sabe esse colégio é bem legal. – disse ela – meio que mistura o novo com o velho.

- É as estruturas são bem antigas você pode reparar nas escadas de madeiras e nas grandes janelas e naqueles buracos próximos ao teto que fazem o ar ventilar e tudo. Tudo foi feito para ser bem ventilado e tem até aqueles tablados de madeira junto às lousas pros professores parecerem que estão num nível superior. Mas nós temos uma sala de informática também – disse rindo – por incrível que pareça as freiras não estão na idade da pedra!

- É da pra perceber! – disse ela rindo.

- E não estão mesmo! – disse uma voz feminina atrás de mim rindo-se também.

Olhei para trás e vi que era minha madrinha, a irmã Regina Célia. A congregação das freiras do colégio São José não as obrigava a usar aquelas roupas que diziam “olhem pra mim eu sou uma freira!”, na verdade elas andavam normais, se bem que a Célia não andava assim tão normal como as outras freiras, isso em relação a elas mesmas. Todas vestiam saias e blusas, já a Célia vestia sempre calça comprida, tênis e uma camiseta bem larga.

- Laura essa aqui é minha madrinha a irmã Regina Célia. – disse eu.

- Ah prazer em conhecê-la irmã. – respondeu Laura

- O prazer é todo meu filha! – disse Célia com um belo sorriso no rosto. – E aí menina? Nem foi me procurar hoje!

- Ah eu estava mostrando o colégio pra Laura ela é aluna nova – expliquei um tanto constrangida.

- Ah não tem problema... E aí Laura gostou do colégio? – Perguntou Célia interessadíssima na resposta da menina.

- Gostei sim, é um tanto diferente dos outros que visitei aqui em Santos. – respondeu Laura.

- Ah que bom! Espero que fique bastante feliz com tudo aqui! Bem meninas eu tenho que ir falar com a irmã Tereza, até amanhã!- disse ela soprando beijinhos no ar e indo em direção a enfermaria.

- Ela é bem legal pra uma freira. – disse Laura olhando Célia se distanciar.

- Bem doida você quis dizer né? – ri – Ela é legal sim, legal e doidinha.

Ficamos muito amigas naquele dia e no dia seguinte apresentei Laura aos meus amigos. Um pouco diferente das outras pessoas eu tinha amigos em grupos. Eram cerca de 3 grupos distintos que não andavam juntos mas nada tinham contra os outros. Apresentei Laura a todos eles, O grupo da minha classe e aos outros dois dos outros primeiros anos, mas por algum motivo, assim como eu ela se sentia mais a vontade com os meus amigos dos primeiros anos A e B. Talvez eles fossem mais estranhos como nós.

Era então o último dia de aula de junho, ou seja, no dia seguinte estaríamos nas nossas férias de Julho. No fim do dia, Laura veio até mim com um sorriso bem grande no rosto.

- Posso falar com você a sós Joy? – perguntou ela.

- Claro! –respondi.

Fomos até o lado de fora do colégio perto do ônibus escolar que me levava para casa todos os dias. Larguei minha mochila e meu fichário dentro do ônibus e segui para fora para falar com Laura.

- Meus pais e eu vamos passar as férias em Maidenhead. – disse ela

- Ah, pensei que fôssemos passar as férias juntas. – disse eu desanimada.

- E vamos se você quiser. – respondeu Laura prontamente.

- Vamos é? – disse eu incrédula.

- Meu pai disse que arranja outra passagem para Heathrow se você quiser vir junto comigo, vamos partir em uma semana! – disse ela radiante.

Uma imensa onda de empolgação tomou conta de mim naquele momento. Imagina só ir para a Inglaterra com uma das minhas melhores amigas! Era uma notícia ótima e eu nem sabia se eu pulava de laegria, gritava, saia correndo ou tentava tudo ao mesmo tempo.

- Você tem certeza? Essas passagens são caras. – disse eu novamente olhando para ela.

- Meu pai trabalha nesses esquemas de controle aério ele arranja uma fácil fácil sem custos exorbitantes. – respondeu ela ainda com um grande sorriso estampado.

- Nossa que demais! – gritei dando um abraço nela. – Mas o duro vai ser convencer os meus pais a me deixarem ir com você.

- Ah Joy você pode tentar, tenho certeza que sua mãe deixa! – disse ela olhando pra mim.

- Bora Joy! – gritou um homem na porta do ônibus.

Olhei para trás e era Kleber, o cara que dirigia o ônibus e eu também era o dono dele. Ele fazia parte dos malucos dos meus amigos, nós sempre conversávamos muito e coisa e tal, ele me fitava arrumando os óculos sob o nariz.

- Olha Laura eu te ligo OK? Daí a gente conversa mais. – disse eu me apressando para entrar no ônibus.

- Certo, vou esperar você me ligar assim, que chegar em casa! – disse ela acenando assim que entrei no ônibus.

Sentei-me na poltrona da frente do ônibus como sempre ao lado de Kleber e assim que ele fechou a porta atrás de mim acenei de volta para Laura e partimos. Meu coração queria explodir de tanta felicidade, imagina só eu estava prestes a ir para o país dos meus sonhos! Era bom demais para ser verdade.

ACABÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ POR HOJE XD

Um comentário:

Quezia Rosa disse...

Oiee
Achei seu blogger na comunidade.
Mas não consegui postar lá, achei muito massa mesmo a sua história, a maneira como vc descreveu o colégio, sua amiga, e tudo mais, agora me diz, vc foi para a Inglaterra com ela??
Acho q seus pais não deixaram hein?!
rsrs
Bjos
www.queziaramos.blogspot.com