segunda-feira, maio 17, 2010

A complexa tarefa de Ser


Parei alguns minutos hoje para analisar minha personalidade ou caráter ou ambos... É um exercício que recomendo a todos tentarem por um instante, mas fazê-lo francamente é o resultado mais surpreendente.

A conclusão a que cheguei é mais complexa do que eu poderia imaginar, e ainda mais surpreendente apesar de eu estar pensando em mim mesma do que eu poderia sequer ponderar.

Para alguns aparento ser dura, para outros fria, para muitos mandona, para outros bobona, para alguns poucos até lerda.

A real beleza de ser você mesmo se encontra nessa complexidade e mistura de dualismos, dialéticas e até mesmo antagonismos, tudo junto, misturado, entrelaçado nessa identidade humana a qual recebe um desígnio, um som chamado de nome desde que nasceu. Essa criatura que vos escreve responde por Joyce, que em latim significa mulher feliz, alegre. Alguns diriam que tenho o nome certo.

Há alguns anos atrás eu era bastante dura, com tudo e com todos em todas as circunstâncias, sempre fui a representante da minha classe na escola, mas não por ser a mais inteligente ou a mais bonita ou a mais gorda, mas por ser a "chefe". Sempre comandei tudo, sempre tive tudo e todos sob meu controle, e realmente não era uma pessoa muito agradável, até que um dia, uma amiga minha inocentemente me fez uma pergunta que acrescentou um quê a mais em mim e me fez abrir os olhos para o que eu fazia comigo mesma e com os demais ao meu redor: "Por que você é tão mal humorada?".

Afinal, porque eu era tão mau humorada aos meus 14 anos de idade? Inicialmente eu tentei colocar a culpa na minha mãe, que sempre discutiu muito comigo e me ouviu muito pouco, mas foi então que percebi que eu não precisava ser igual àquela imagem que eu tinha de minha mãe, eu poderia ser melhor, era só mudar, tão simples...

Foi então que a minha vida pareceu tão mais leve. Eu sorria, brincava, me divertia e multipliquei amigos como nunca havia feito antes.

Essa foi a minha primeira de muitas transformações. Eu não mudei nada, só acrescentei.

Tenho amigos que me veem como um ser dotado de inteligência extrema, mas eu juro a todos que não sou nenhuma Einstein, apenas uma "average", nada além disso.

Ao mesmo tempo que sou dotada de um raciocínio bastante rápido e lógico eu sou inocente, acredito nas pessoas, ao mesmo tempo em que desacredito, e sou extremamente desatenta ao mesmo tempo que sou atenta.

Eu sou dura nas minhas afirmações e extremamente franca ao mesmo tempo que procuro ser flexível em minhas ponderações.

Tento ao máximo fazer com os demais o que eu gostaria que fizessem comigo, faço de tudo para ajudar aqueles que confiam em mim e que tem a minha confiança.

Uma general de coração mole, como minha amiga costumava dizer. Ela enxergava isso.

Uma sonhadora com os pés no chão.

Por vezes eu me sinto perdida nesse mundo, não sei para onde devo ir, mas percebo que a cada dia que passa, eu lembro mais o que tenho que fazer. Me lembro o que deveria fazer, o que tenho que fazer e o que certamente farei algum dia.

Eu sei que existem muito mais respostas do que eu imagino dentro de mim mesma, as quais eu ainda não me lembro, mas elas estão lá, só esperando o momento certo para virem à tona, o momento certo para que as revelações me cheguem como lembranças, essas que me parecerão a primeira vista como um sonho, e depois como memória e enfim, como uma verdade.

Mais complexidade do que eu imaginei. Jesus disse que Deus está dentro de todos nós, o que de certa forma nos torna Deus. Deuses é o que somos... mas não confunda a mensagem, porque ele é único, logo nós somos únicos... um único ser formado por vários, como um animal formado por várias células, onde aquelas que fazem o mal são chamadas de câncer.

Não quero ser um câncer na vida de ninguém, mas sei que existirá aqueles que certamente não resistirão em ser focos de câncer em minha vida, como já existiram, e ainda virão mais.

Seres complexos somos nós... Essa Joyce aqui é forte, fraca, dura, flexível, inteligente, ingênua, boba, mole, sagaz, feliz, vívida, intensa e cega. Tudo dentro de minhas dualidades, dialéticas, contradições, realidades e escapismos.

Apesar das várias facetas há um adjetivo que não me pertence! Não sou falsa apesar da complexidade, pois não tramo pelas costas de ninguém.

Bom exercício!